sexta-feira, 26 de agosto de 2011

frases que falam verdades

Frases - Verdade
Buda
"Não acredite em algo simplesmente porque ouviu. Não acredite em algo simplesmente porque todos falam a respeito. Não acredite em algo simplesmente porque esta escrito em seus livros religiosos. Não acredite em algo só porque seus professores e mestres dizem que é verdade. Não acredite em tradições só porque foram passadas de geração em geração. Mas depois de muita análise e observação, se você vê que algo concorda com a razão, e que conduz ao bem e beneficio de todos, aceite-o e viva-o."
Dan Barker
"A verdade não tem que ser aceita com fé. Os cientistas não seguram suas mãos todo domingo, cantando: 'Sim, a gravidade é real! Eu vou ter fé! Eu devo ser forte! Amém!'. "
Carl Sagan
"A História está repleta de pessoas que, como resultado do medo, ou por ignorância, ou por cobiça de poder, destruiram conhecimentos de imensurável valor que em verdade perteciam a todos nós. Nós não devemos deixar isso acontecer de novo"
Thomas Henry Huxley
"Toda verdade inédita começa como heresia e acaba como ortodoxia." 
Thomas Paine
"A natureza irresistível da verdade é tal que tudo que ela pede, e tudo o que deseja, é a liberdade de aparecer. "
Thomas Henry Huxley
"Só confie numa testemunha quando ela fala de questões em que não se acham envolvidos nem o seu interesse próprio, nem as suas paixões, nem os seus preconceitos, nem o amor pelo maravilhoso. No caso de haver esse envolvimento, requeira evidência corroborativa em proporção exata à violação da probabilidade evocada pelo seu testemunho".
Voltaire
"A ridícula situação de alguém que critica o que confessa nunca ter lido, já é suficiente para desqualificar a sua crítica."
Francis Bacon
"A verdade é filha do tempo, não da autoridade."
Edmund Way Teale
"Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão."
Demóstenes
"É extremamente fácil enganar a si mesmo; pois o homem geralmente acredita no que deseja. "
Brecht
"Aquele que não conhece a verdade é simplesmente um ignorante, mas aquele que a conhece e diz que é mentira, este é um criminoso." 
Benjamin Franklin
"Os investimentos em conhecimento geram os melhores dividendos. "
Galileu Galilei
"É certamente prejudicial para as almas tornar uma heresia acreditar no que é provado."
Shakespeare (Pericles)
"A verdade nunca perde em ser confirmada"
Kant
"A nossa época é a época da crítica, à qual tudo tem que submeter-se. A religião, pela sua santidade, e a legislação, pela sua majestade, querem igualmente subtrair-se a ela. Mas então suscitam contra elas justificadas suspeitas e não podem aspirar ao sincero respeito, que a razão só concede a quem pode sustentar o seu livre e público exame."
Anônimo
"As pessoas têm direito a crer no que quiserem, mas também têm o direito de saber que podem estar sendo enganadas"
J. Joubert
"Os que nunca voltam atrás em suas opiniões amam mais a si mesmo que à verdade."
Walter Lippmann
"Quando todos pensam o mesmo, ninguém está pensando. "
Kant
"Sapere aude! Tem a coragem de te servires do teu próprio entendimento! Eis a palavra de ordem do Iluminismo"
Platão
"Uma vida não questionada não merece ser vivida."


 
 
 

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Reflexões-Máxima Filosofica

Máximas Filosóficas
1) Não sou um completo inútil... ao menos sirvo de mau exemplo.
2) Se você não é parte da solução é parte do problema.
3) Errar é humano, mas achar em quem colocar a culpa é mais humano ainda.
4) Meu Deus, dai-me paciência... mas tem que ser já !
5) O importante não é saber, mas ter o telefone de quem sabe.
6) O que sabe, sabe. O que não sabe é chefe
7) É bom deixar a bebida. O mau é não se lembrar aonde.
8) Existe um mundo melhor, mas é caríssimo.
9) A mulher que não tem sorte com os homens, não sabe a sorte que tem.
10) Trabalhar nunca matou ninguém, mas... por que se arriscar ?
11) Não leve a vida tão a sério, afinal nem sairá vivo dela !
12) O álcool e o cigarro mata lentamente. Não tem problema, eu não tenho pressa.
13) Mate-se de estudar e será um cadáver culto.
14) Há duas palavras que abrem muitas portas: Puxe e Empurre.
15) A bebida é o maior inimigo do homem. Mas, o homem que foge do inimigo ... é covarde !!!

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Paradoxos da Irracionalidade

Paradoxos da Irracionalidade
Donald Davidson
A idéia de uma ação, crença, intenção, inferência ou emoção irracional é paradoxal. Isso porque o irracional não é apenas o não-racional, que se encontra fora do âmbito do racional; a irracionalidade é uma falha dentro da casa da razão. Quando Hobbes diz que somente o homem tem o "privilégio do absurdo", ele está querendo dizer que somente a criatura racional pode ser irracional. Irracionalidade é um processo ou estado mental - um processo ou estado racional - que falhou. Como isso é possível?
O paradoxo da irracionalidade não é tão simples quanto o aparente paradoxo contido no conceito de uma piada mal sucedida, ou de uma obra de arte ruim. O paradoxo da irracionalidade surge a partir daquilo que está envolvido em nossas maneiras mais básicas de descrever, entender e explicar estados e eventos psicológicos. Sofia está satisfeita porque consegue fazer um nó. Seu prazer se deve à sua crença de que ela é capaz de fazer isso e ao seu julgamento positivo dessa realização. Além disso, e sem dúvida mais significativo, certas explicações podem estar disponíveis, mas elas não podem substituir essa que acabei de dar, uma vez que ela flui daquilo que deve ser satisfeito para que algo seja o caso. Ou tomemos Roger, que pretende passar em um exame decorando o Alcorão. Essa intenção deve ser explicada pelo seu desejo de passar no exame e pela sua crença de que, ao memorizar o Alcorão, ele aumentará as suas chances de realizar tal desejo. A existência desse tipo de explicação racional é um aspecto intrínseco das intenções, ações intencionais, e de muitas outras atitudes e emoções. Tais explicações se dão mediante racionalização: elas nos permitem a considerar eventos ou atitudes como razoáveis do ponto de vista do agente. Uma aura de racionalidade, de se encaixar em um padrão racional, é assim inseparável desses fenômenos, pelo menos na medida em que eles são descritas em termos psicológicos. Como então podemos explicar, ou mesmo tolerar como possível, pensamentos, ações e emoções irracionais?
A teoria psicanalítica, tal como concebida por Freud, procura fornecer uma estrutura conceitual para descrever e compreender a irracionalidade. Muitos filósofos, contudo, acreditam que há erros ou confusões fundamentais no pensamento de Freud. Pretendo analisar aqui alguns elementos desse pensamento que têm sofrido ataques freqüentes, elementos que consistem de algumas doutrinas bastante gerais que jazem no bojo de todas as fases da obra madura de Freud. Após analisar o problema subjacente à explicação da irracionalidade, concluirei que qualquer concepção satisfatória deve conter algumas das teses mais importantes de Freud, e quando essas teses são confirmadas de um modo suficientemente amplo, elas estão livres de confusão conceitual. Talvez seja necessário enfatizar que a minha 'defesa' de Freud é dirigida a apenas algumas de suas idéias e que essas idéias encontram-se no limite conceitual, em contraste com o limite empírico, desse vago espectro.
Muito do que é considerado como irracional não está sujeito a paradoxo. Muitos podem sustentar que é irracional escalar o Monte Evereste sem oxigênio (ou mesmo com ele), devido aos perigos, ao desconforto e às poucas recompensas obtidas diante do sucesso. Mas não há dificuldade em explicar essa tentativa se ela for feita por alguém que juntou todos os fatos que pode, considerou todos os seus desejos, ambições e atitudes e agiu de acordo com o seu conhecimento e seus valores. Talvez seja de algum modo irracional acreditar em astrologia, discos voadores, bruxas, mas tais crenças podem ter explicações plausíveis se forem baseadas naquilo que seus defensores assumem como evidência. É razoável buscar a quadratura do círculo se você ignorar que isso é infactível. O tipo de irracionalidade que causa problema conceitual não é a falha de outra pessoa em acreditar ou sentir ou fazer o que ela considera razoável, mas sim a falha, dentro de uma mesma pessoa, de coerência e consistência no padrão das crenças, atitudes, emoções, intenções e ações. Exemplos são a crença naquilo que desejamos ser verdadeiro, o agir contrariamente ao nosso melhor juízo, a autodissimulação, o acreditar em algo reconhecidamente contrário ao peso da evidência
Ao tentar explicar tais fenômenos (juntamente com muitas outras coisas, é claro), os seguidores de Freud sustentaram o seguinte:
Primeiro, a mente contém um certo número de estruturas semi-independentes, que são caracterizadas por atributos mentais como pensamentos, desejos, memórias.
Segundo, partes da mente são, em importantes aspectos, como seres humanos, não apenas porque elas possuem (ou consistem de) crenças, desejos, ansiedades, e outros traços psicológicos, mas sim porque tais fatores podem combinar, como na ação intencional, de modo a produzir eventos subseqüentes na mente ou fora dela.
Terceiro, algumas das disposições, atitudes e eventos que caracterizaram as várias subestruturas da mente devem ser considerados segundo o modelo das disposições e forças físicas quando estas afetam ou são afetadas por outras subestruturas da mente.
Uma outra doutrina - sobre a qual direi muito pouco - é que alguns fenômenos mentais que normalmente assumimos como sendo conscientes, ou pelo menos disponíveis à consciência, não são conscientes, podendo se tornar acessíveis apenas com dificuldade, ou não podendo de modo algum. Em muitos aspectos funcionais, tais estados e eventos inconscientes são como crenças, memórias, desejos, expectativas e medos conscientes.
Espero que seja admitido que essas doutrinas podem ser encontradas em Freud, e que elas são centrais às suas teorias. Elas são, como já disse, bem mais fracas e menos detalhadas do que as de Freud. Entretanto, mesmo nessa forma reduzida, elas requerem mais defesa do que é possível, de acordo com muitos filósofos. As críticas com as quais procurarei lidar estão relacionadas de vários modos, mas elas são essencialmente de dois tipos.
Primeiro, a própria idéia de que a mente pode ser dividida tem sido freqüentemente considerada ininteligível, uma vez que requer que pensamentos, desejos e mesmo ações sejam atribuídos a algo menor que, e portanto distinto, da pessoa como um todo. Mas será que é possível dotar de sentido as ações e atitudes que não são aquelas de um agente? Nesse sentido, afirma Sartre, a noção de responsabilidade perderia o seu ponto essencial se atos e intenções fossem relacionados não mais às pessoas, mas sim a partes semi-autônomas da mente. As partes, então, assumiriam o papel de uma outra pessoa: cada parte tornar-se-ia uma mulher, um homem ou uma criança. O que antes era uma única mente transformar-se-ia em um campo de batalha onde forças em conflito se degladiariam, se enganariam umas às outras, esconderiam informações, planejariam estratégias. Como Irving Thalberg e outros salientam, às vezes ocorre que um segmento se protege de suas próprias forças (pensamentos). O principal agente pode parecer um tipo de coordenador, árbitro ou ditador. Não é surpresa que tenham surgido muitas dúvidas se tais metáforas podem constituir uma teoria consistente. Um segundo tipo de preocupações, relacionado ao primeiro, diz respeito à metodologia explanatória subjacente. De um lado, a teoria psicanalítica estende o alcance da explicação teleológica ou de razão descobrindo motivos, desejos e intenções que não foram anteriormente reconhecidos como tais. Nesse sentido, como se tem observado freqüentemente, Freud ampliou enormemente o número e a variedade dos fenômenos considerados racionais; ocorre que temos razões para nossos esquecimentos, atos falhos e medos exagerados. Por outro lado, Freud pretende que suas explicações produzam o que a explicação na ciência natural freqüentemente promete: abordagens causais que permitem controle. Dessa forma, ele aplica a eventos e estados mentais termos derivados da hidráulica, eletromagnetismo, neurologia e mecânica. Toulmim, Flew, McIntyre e Peters, entre os filósofos, em diferentes momentos afirmaram que as teorias psicanalíticas tentam o impossível ao submeterem os fenômenos psicológicos (que requerem explicações em termos de razões) a leis casuais; eles acreditam que isso explica, mas não justifica, o uso constante por parte de Freud, ao falar da mente, de metáforas retiradas de outras ciências.
Parece então que há duas tendências irreconciliáveis na metodologia de Freud. De um lado, ele pretende estender o alcance dos fenômenos sujeitos à explicação racional; por outro lado, ele procura tratar esses fenômenos do mesmo modo como forças e estados são tratados nas ciências naturais. No entanto, nestas últimas não há lugar para razões e atitudes proposicionais; só há lugar para causalidade.
Para avaliar essas críticas à teoria psicanalítica, gostaria primeiramente de apresentar parte do que acredito ser uma análise correta da ação intencional normal. Depois disso procurarei lidar com a questão da irracionalidade.
Um homem andando no parque tropeça num galho no caminho. Pensando que o galho possa colocar outras pessoas em risco, ele o pega e o joga numa cerca à beira do caminho. Voltando para casa, ele se dá conta de que o galho pode estar se projetando da cerca e ainda ser uma ameaça a pessoas desatentas. Ele interrompe o seu trajeto, retorna ao parque e coloca o galho em sua posição original. Aqui, tudo o que o agente faz (exceto tropeçar no galho) se dá por uma razão, à luz da qual a ação correspondente foi razoável. Dado que o homem acreditou que o galho era perigoso se deixado no caminho, e dado o desejo de eliminar o perigo, era razoável remover o galho. Dado que, ao refletir novamente, ele acreditou que o galho era um perigo na cerca, era razoável retirar o galho dali e recolocá-lo no caminho. Dado que o homem queria tirar o galho da cerca, era razoável interromper o trajeto e retornar ao parque. Em cada caso, as razões para a ação nos dizem o que o agente viu em sua ação; elas mostram a intenção com a qual ele agiu, e por isso oferecem uma explicação racional. Tal explicação, como já disse, deve existir se o que uma pessoa faz deve de algum modo ser considerado como uma ação.
O padrão das explicações racionais tem sido indicado por muitos filósofos. Hume o afirma incisivamente: Pergunte a um homem porque ele costuma se exercitar; ele responderá que é porque ele deseja se manter saudável. Se você então perguntar por que ele deseja a saúde, ele responderá prontamente que é porque a doença é dolorosa. O padrão é tão familiar que sua sutileza pode nos passar despercebida. O que deve ser explicado é a ação, a saber, o exercício físico. No mínimo, a explicação suscita dois fatores: um valor, uma meta, um desejo ou uma atitude do agente, e uma crença de que, ao agir da maneira a ser explicada, ele pode favorecer o valor ou a meta relevante, ou ele estará agindo de acordo com essa atitude. Tanto a ação quanto o par crença-desejo, que fornece a razão, devem ser relacionados de maneiras bem distintas a fim de produzir uma explicação. Primeiro, deve haver uma relação lógica. Crenças e desejos têm um conteúdo, e esses conteúdos devem ser tais que impliquem que haja algo valoroso e desejável sobre a ação. Assim, um homem que descubra algo desejável na saúde, e acredita que o exercício físico torná-lo-á sadio pode concluir que há algo desejável nisso que pode explicar porque ele se exercita. Segundo, as razões que um agente possui para agir, se o que se quer é explicar a ação por meio delas, devem ser razões com bases nas quais ele agiu; as razões devem ter desempenhado um papel causal na ocorrência da ação. Essas duas condições das explicações racionais são ambas necessárias, mas não suficientes, uma vez que algumas relações causais entre pares de crença-desejo e ações não oferecem explicações racionais (essa complicação não será tratada por nós aqui, embora não haja dúvida de que sejam ações irracionais que dão origem à complicação.)
Até este ponto, a análise da ação torna claro por que as ações intencionais, sejam elas em algum sentido ulterior irracionais ou não, têm um elemento racional intrínseco; é isso que ocasiona um dos paradoxos da irracionalidade. Mas também vemos que Freud pode ser defendido em um ponto importante: não há nenhum conflito inerente entre explicações racionais e explicações causais. Uma vez que crenças e desejos são causas das ações para as quais elas são razões, explicações racionais incluem um elemento casual essencial.
O que pode ser dito de uma ação intencional pode ser estendido a muitos outros fenômenos psicológicos. Se uma pessoa tenciona roubar couves-de-bruxelas, então independente de ela realizar essa ação ou não, tal intenção ela mesma deve ser causada por um desejo de possuir couves-de-bruxelas e por uma crença de que, ao roubá-las, ela os possuirá (uma vez mais, o aspecto lógico racional da intenção é óbvio). Do mesmo modo, muitas das nossas expectativas, esperanças, desejos, emoções, crenças e medos dependem de uma simples inferência (comumente, é claro, desapercebida) a partir de outras crenças e atitudes. Tememos a pobreza porque acreditamos que ela nos traz o que consideramos pernicioso; esperamos que chova porque acreditamos que a chuva melhorará as safras agrícolas, e queremos que isso ocorra; acreditamos nisso com base em uma indução a partir do que ouvimos e lemos; e assim por diante. Em cada um desses casos há uma conexão lógica entre os conteúdos das várias atitudes e crenças e o que elas causam.
A conclusão, até aqui, é que simplesmente rotular um estado ou evento psicológico como sendo ou implicando o que é imprecisamente chamado de atitude proposicional é garantir a relevância de uma explicação racional, e com isso um elemento de racionalidade. Mas é claro que, se tais estados e eventos podem ser irracionais, o elemento de racionalidade não pode eliminar o fato de os mesmos serem concomitantemente menos que racionais. Considere o caso de uma ação em que o agente, considerando tudo que deve ser considerado, age contra o que ele acredita ser o melhor. (Aristóteles chamou esse tipo de comportamento de acrasia; outros termos são 'incontinência' e 'fraqueza da vontade'). É fácil imaginar que o homem que retornou ao parque para recolocar o galho em sua posição original no caminho percebe que sua ação não é razoável. Ele tem um motivo para mover o galho, a saber, que o mesmo pode machucar um transeunte. Mas ele pode ter um motivo para não retornar, qual seja, o tempo e o transtorno que isso custa. Em seu próprio juízo, a última consideração suplanta a primeira; contudo, ele age de acordo com a primeira. Em suma, ele vai contra o seu melhor juízo.
O problema de explicar tal comportamento preocupa filósofos e moralistas pelo menos desde Platão. De acordo com Platão, Sócrates argumentou que, uma vez que ninguém age voluntariamente contra aquilo que sabe ser o melhor, apenas a ignorância pode explicar ações frívolas e nocivas.
Isso é freqüentemente chamado de paradoxo, mas a visão de Sócrates é paradoxal somente porque ele nega aquilo que todos nós acreditamos, a saber, que há atos acráticos. Se Sócrates está certo - se tais ações são descartadas pela lógica dos conceitos - então não há nada problemático sobre os fatos a serem explicados. Contudo, Sócrates (ou Platão) deu destaque ao nosso problema: há um conflito entre a maneira usual de explicar a ação intencional e a idéia de que uma ação pode ser irracional. Uma vez que a visão segundo a qual nenhum ato intencional pode ser internamente irracional encontra-se em um extremo no contínuo de visões possíveis, permita-me dar-lhe um nome: O Princípio de Platão. É a doutrina da racionalidade pura.
No extremo oposto encontra-se o Princípio de Medéia. De acordo com esta doutrina, uma pessoa pode agir contra o seu melhor juízo, mas somente quando uma força estranha toma conta dela ou de sua vontade. Isso é o que acontece quando Medéia implora à sua própria mão que esta não assassine os seus filhos. Sua mão, ou a paixão da vingança por trás dela, assume o controle de sua vontade. Alguns desses estudos sobre a fraqueza da vontade são populares. E dada a tese, o nome é adequado, pois a vontade do agente é mais fraca do que a força estranha. Em particular, os moralistas têm sido atraídos a essa concepção, uma vez que ela sugere que nada mais é necessário para suplantar a tentação do que a determinação maior de fazer a coisa certa. Do mesmo modo, é uma doutrina estranha, uma vez que ela sugere que atos acráticos não são intencionais, e assim em si mesmos atos pelos quais o agente não pode ser responsabilizado. Se o agente for culpado, isso não se deve ao que ele fez, mas sim ao fato de que ele não resistiu com suficiente vigor. O que o agente se percebeu fazendo tinha uma razão - a paixão ou o impulso que suplantou seu melhor juízo - mas a razão não era dele. Do ponto de vista do agente, o que ele fez foi o efeito de uma causa que veio de fora, como se uma outra pessoa o tivesse forçado.
Aristóteles sugeriu que a fraqueza da vontade se deve a um tipo de esquecimento. O acrático tem dois desejos; em nosso exemplo, ele quer poupar seu tempo e esforço, e quer também mover o galho. Ele não pode agir de acordo com ambos os desejos, mas Aristóteles não o deixará chegar ao ponto de apreciar o seu problema, pois, de acordo a sua concepção, o agente perde o toque ativo com o seu conhecimento de que, ao não retornar ao parque, ele pode poupar tempo e esforço. Não se trata exatamente de um desejo consciente e de outro desejo inconsciente que estão em conflito; antes, há uma parte consciente e uma parte inconsciente de conhecimento, onde a ação depende de qual parte esteja consciente.
Há situações em que a análise de Aristóteles é apropriada, e há outras que são governadas pelo Princípio de Medéia. Mas tais situações não são as únicas, e não são casos definidores de acrasia, em que o agente age intencionalmente enquanto está a par do fato de que, considerando tudo o que deve ser considerado, um melhor curso de ação está disponível a ele. Pois quando o Princípio de Medéia entra em funcionamento, a intenção não está presente; e, na análise de Aristóteles, o agente não está a par de uma alternativa.
A partir do que até agora foi dito fica claro que nem o Princípio de Medéia nem a análise de Aristóteles suscita casos imediatos de conflito, ou casos em que um agente tem boas razões para fazer cada uma das duas coisas mutuamente excludentes. Tais situações são tão familiares que requerem uma explicação especial; não estamos normalmente paralisados quando afirmações em conflito nos são colocadas, nem suprimimos comumente parte da informação relevante, ou escondemos um de nossos desejos. Normalmente, podemos encarar situações em que uma decisão pode ser tomada e decidimos melhor quando conseguimos analisar todas as considerações, os prós e os contras.
O que precisa ser explicado é a ação de um agente que, tendo avaliado as razões em ambos os lados, e tendo julgado que a preponderância das razões se encontra em um desses lados, age contra esse juízo. Não devemos dizer que ele não possui razão para o seu ato, uma vez que ele tem razões tanto a favor quanto contra. É porque ele tem uma razão para o que faz que ele fornece a intenção com a qual ele age. E como todas as ações intencionais, sua ação pode ser explicada com referência às crenças e desejos que a causaram e lhe ofereceram motivo.
Mas embora o agente tenha uma razão para fazer o que fez, ele tinha melhores razões, por sua própria consideração, para agir de outro modo. O que precisa ser explicado não é porque o agente agiu como agiu, mas porque ele não agiu de outro modo, dado o seu juízo segundo o qual, considerando tudo o que deve ser considerado, isso seria melhor.
Uma pessoa que aprecia o fato de ter boas razões tanto contra quanto a favor uma ação não deve ser vista como sustentando uma contradição. Segue-se que princípios morais, ou juízos que correspondem a desejos, não podem ser expressos por sentenças como 'é errado mentir', ou 'é bom dar prazer'. Quer dizer, não se essas sentenças são tomadas da maneira natural para expressar afirmações universais como 'toda mentira é errada', ou' todo ato que dá prazer é bom'. Pois um único e mesmo ato pode ser uma mentira e um ato que dá prazer, e assim ser tão errado quanto bom. Em muitas teorias morais, isso é uma contradição. Ou, tomando um caso ainda mais simples, se é correto cumprir promessas e errado não fazê-lo, então alguém que, sem se aperceber do seu erro, fez promessas incompatíveis, fará algo errado se fizer algo certo.
A solução para tal enigma sobre a lógica do raciocínio prático é reconhecer que os princípios valorativos não são corretamente afirmados na forma 'é errado mentir'. Pois nem todas as mentiras são erradas; há casos em que alguém tem que mentir em nome de alguma consideração mais importante. O fato de que uma ação é uma mentira, ou a quebra de uma promessa, ou um dispêndio de tempo, é um ponto contra a razão, a ser avaliado juntamente com outras razões para a ação. Toda ação que executamos, ou acreditamos executar, possui algo contra e algo a favor a ser dito sobre ela; mas falamos de conflito apenas quando os prós e os contras são avaliados e levados próximos ao equilíbrio. Uma simples dedução pode me dizer que, se desejo cumprir uma promessa A, eu devo estar em Addis Ababa em um certo dia, e se desejo cumprir uma promessa B, eu devo estar em Bora Bora ao mesmo tempo; mas a lógica não pode me dizer qual delas cumprir.
Sendo assim, não é claro em que medida qualquer uma dessas ações seria irracional. Também a irracionalidade não fica clara se julgo que, considerando tudo o que deve ser considerado, eu devo cumprir a promessa A e, no entanto, eu cumpro a promessa B. Pois o primeiro juízo é meramente condicional: à luz de todas as minhas evidências, eu devo fazer A; e isso não pode contradizer o juízo incondicional de que eu devo fazer B. A inconsistência interna pura é introduzida apenas se eu também sustentar - como de fato sustento - que eu devo agir de acordo com meu melhor juízo o que eu presumir como melhor ou obrigatório, considerando tudo o que deve ser considerado.
Uma concepção puramente formal do que é irracional em um ato acrático é, então, que o agente vai contra seu próprio princípio de segunda ordem segundo o qual ele deve agir com base naquilo que ele sustenta ser o melhor, considerando tudo o que deve ser considerado. É apenas quando podemos descrever sua ação exatamente dessa forma que há um problema para explicá-lo. Se o agente não possui o princípio segundo o qual ele deve agir de acordo com o que acredita ser o melhor, considerando tudo o que deve ser considerado, então, embora sua ação possa ser irracional do nosso ponto de vista, ela não precisa sê-lo de seu próprio ponto de vista - pelo menos não de modo a acarretar um problema para a explicação. Isso porque, para explicar o seu comportamento, precisamos apenas dizer que o seu desejo de fazer o que ele considerou como o melhor, considerando tudo o que deve ser considerado, não foi tão forte quanto o seu desejo de fazer algo mais.
Mas como podemos explicar a ação de alguém que consciente e intencionalmente age contra o seu próprio princípio? A explicação, é claro, deve conter algum aspecto que vai além do Princípio de Platão; do contrário, a ação é perfeitamente racional. Por outro lado, a explicação deve reter o ponto central do Princípio de Platão; do contrário, a ação não é intencional. Uma abordagem como essa parece satisfazer ambas as exigências: já concordamos que há uma explicação normal de razão para um ato acrático. Assim, o homem que retorna ao parque para recolocar o galho tem uma razão: eliminar o perigo. Mas, em assim o fazendo, ele ignora o seu princípio de agir de acordo com o que ele pensa ser o melhor, considerando tudo o que deve ser considerado. E não se pode negar que ele tem um motivo para ignorar seu princípio, a saber, que ele quer, talvez muito fortemente, colocar o galho em sua posição original. Digamos que o seu motivo realmente explique o fato de que ele deixa de agir de acordo com seu princípio. Esse é o ponto em que a irracionalidade é introduzida. Pois o desejo de recolocar o galho desempenhou um papel na decisão de fazer isso duas vezes. Primeiro, foi uma consideração em favor de recolocar o galho, uma consideração que, na opinião do agente, foi menos importante do que as razões para não retornar ao parque. O agente então concluiu que, considerando tudo o que deve ser considerado, ele não deveria retornar ao parque. Dado que o seu princípio segundo o qual ele devia agir com base em tal conclusão, a coisa racional a fazer era, obviamente, não retornar ao parque. A irracionalidade surgiu quando o seu desejo de retornar o fez ignorar e anular o seu princípio. Pois embora o seu motivo de ignorar o seu princípio fora uma razão para ignorar o princípio, não foi uma razão contra o próprio princípio e, assim, quando ela surgiu desse segundo modo, ela era irrelevante enquanto uma razão, ao princípio e à ação. A irracionalidade depende da distinção entre uma razão para se possuir, ou agir de acordo com, um princípio, e uma razão para o princípio.
Um outro exemplo mais simples esclarecerá esse ponto. Suponha que um rapaz deseje fortemente possuir um novilho bem torneado e isso o leve a acreditar que ele o possui. Ele tem uma razão normal para querer ter essa crença - isso lhe dá prazer. Mas se toda a explicação para ele sustentar a crença é a de que ele quis acreditar nisso, então sustentar a crença é irracional. Pois o desejo de ter uma crença não é evidência para a verdade da crença, nem tampouco fornece um suporte racional de nenhum outro modo. O que faz racional essa crença é que essa proposição deve ser verdadeira: ele acredita possuir um novilho bem torneado. Isso não racionaliza a sua crença: eu tenho um novilho bem torneado. Esse é um caso de crença naquilo que desejamos que fosse verdadeiro; ela é um modelo para o tipo mais simples de irracionalidade. Embora simples, porém, o modelo tem uma complexidade que é obscurecida pela ambigüidade da frase 'razão para acreditar'.
Em alguns casos de irracionalidade, é improvável, e talvez impossível, ao agente estar plenamente consciente de tudo o que está acontecendo em sua mente. Se alguém 'esquece' que hoje é quinta-feira porque não quer manter um compromisso social discordante, talvez não seja importante ele estar consciente disso. Em muitos casos, porém, não há dificuldade lógica em supor que o agente sabe o que está acontecendo. O rapaz pode saber que ele acredita possuir um novilho bem torneado somente porque ele quer acreditar nisso, tal como o homem que retorna ao parque para recolocar o galho pode perceber tanto o absurdo de sua ação quanto a explicação da mesma.
Em explicações racionais usuais, como vimos, não apenas os conteúdos proposicionais das várias crenças e desejos mantêm relações lógicas adequadas entre si e com outros conteúdos de crença, atitude ou intenção que eles ajudam a explicar; os estados reais de crença e desejo causam o estado ou evento explicado. No caso da irracionalidade, a relação causal permanece, ao passo que a relação lógica ou não ocorre ou se encontra distorcida. Nos casos de irracionalidade que estivemos discutindo, há uma causa mental que não é uma razão para o que ela causa. Assim, no que diz respeito à crença naquilo que desejamos ser verdadeiro, um desejo causa uma crença. Mas o juízo de que um estado de coisas é ou seria desejável não é razão para se acreditar que ele existe.
Está claro que a causa, nesse caso, dever ser mental; trata-se de um estado ou evento com conteúdo proposicional. Se um pássaro voando causa uma crença de que o pássaro está voando (ou de que um avião está voando), a questão da racionalidade não se coloca; há causas que não são razões para o que elas causam, mas a causa não tem propriedades lógicas e não pode assim, por si mesma, explicar ou ocasionar a irracionalidade (do tipo que descrevi). Será que há outras formas de irracionalidade? A questão não é clara, e não faço afirmações nesse sentido. Até agora, minha tese é apenas a de que muitos exemplos normais de irracionalidade podem ser caracterizados pelo fato de que há uma causa mental que não é uma razão. Tal caracterização aponta um caminho para um tipo de explicação da irracionalidade.
Uma irracionalidade desse tipo pode ocorrer onde quer que a racionalidade opere. Tal como as ações incontinentes são irracionais, pode haver intenções irracionais para agir, quer elas sejam realizadas ou não. Crenças podem ser irracionais, do mesmo modo que o podem as linhas de raciocínio. Muitos desejos e emoções são caracterizados como irracionais se são explicados por causas mentais que não são razões para eles. Esse conceito geral também se aplica a casos em que não há variações. Um indivíduo é irracional se ele não está aberto à razão ou se, em aceitando uma crença ou atitude com base nas quais ele deve fazer mudanças para acomodar suas outras crenças, desejos ou intenções, ele se abstém de fazê-las. Ele tem uma razão que não causa aquilo para o qual ela não é uma razão suficiente.
Vemos agora como é possível reconciliar uma explicação que mostra que uma ação, crença ou emoção é irracional com o elemento de racionalidade inerente à descrição e explicação de todos estes fenômenos. Assim, de um modo preliminar, lidamos com um paradoxo da irracionalidade. Mas agora emerge uma fonte de paradoxo que não pode ser dissipada.
Se eventos são relacionados como causa e efeito, eles assim permanecem, não importando em qual vocabulário escolhemos descrevê-los. Eventos mentais ou psicológicos são mentais apenas a partir de um modo de descrição, pois esses mesmos eventos são certamente ao mesmo tempo neurológicos e, em última instância, físicos, embora os reconheçamos e os identifiquemos dentro de tais domínios apenas segundo descrições neurofisiológicas ou físicas. Como já vimos, não há em geral nenhuma dificuldade em explicar os eventos mentais recorrendo-se a causas neurofisiológicas ou físicas: isso é crucial para a análise da percepção ou da memória, por exemplo. Mas quando a causa é descrita em termos não-mentais, nós necessariamente perdemos contato com aquilo que é exigido para explicar o elemento de irracionalidade. Pois a irracionalidade aparece somente quando a racionalidade é evidentemente apropriada: onde tanto a causa quanto o efeito possuem conteúdos que têm o tipo de relações lógicas, quer sejam padrões racionais ou não. Eventos concebidos apenas em termos de suas propriedades físicas ou neurofisiológicas não podem ser considerados como razões, ou como em conflito, ou como dizendo respeito a uma questão. Assim, estamos diante do seguinte dilema: se pensamos na causa de um modo neutro, sem levar em conta o seu status mental como uma crença ou uma outra atitude - se pensamos nessa causa meramente como uma força que trabalha na mente sem ser identificada como parte dela - então falhamos em explicar, ou mesmo descrever, a irracionalidade. Forças cegas estão na categoria do não-racional, não do irracional. Isto posto, introduzimos uma descrição mental da causa que, assim, a torna uma candidata a ser uma razão. Mas ainda permanecemos fora do único padrão claro de explicação que se aplica ao mental, pois esse padrão exige que a causa seja mais do que uma candidata a ser uma razão; ela deve ser uma razão, e no caso presente ela não pode ser. Para a explicação de um efeito mental precisamos de uma causa mental que é também uma razão para este efeito; contudo, se a temos, o efeito não pode ser um caso de irracionalidade. Ou pelo menos tudo indica que não.
Há, porém, uma maneira pela qual um evento mental pode causar um outro sem ser uma razão para isso, e em que não há dilema algum e que não envolve necessariamente nenhuma irracionalidade. Isso pode acontecer quando causa e efeito ocorrem em mentes diferentes. Por exemplo, para atrair você ao meu jardim, eu cultivo uma bela flor. Você lança um olhar à minha flor e entra no jardim. Meu desejo causou o seu desejo e a sua ação, mas o meu desejo não foi uma razão para o seu desejo, nem uma razão com base na qual você agiu (você talvez nem saiba do meu desejo). Fenômenos mentais podem causar outros fenômenos mentais sem ser razão para eles, e ainda assim manter o seu caráter mental, contanto que causa e efeito sejam adequadamente separados. Os casos claros e óbvios são aqueles de interação social. Mas sugiro que essa idéia pode ser aplicada a uma mente e pessoa individual. De fato, se pretendemos explicar a irracionalidade de algum modo, parece que precisamos assumir que a mente pode ser dividida em estruturas quase independentes que interagem de maneiras que o Princípio de Platão não pode aceitar ou explicar.
A fim de constituir uma estrutura desse tipo, uma parte da mente deve mostrar um grau maior de consistência ou racionalidade do que é atribuído ao todo. Somente assim evitar-se-á que a parte da analogia com a interação social seja destruída. A idéia é que, se partes da mente são em um certo grau independentes, poderemos então entender como elas são capazes de abrigar inconsistência, e de interagir a um nível causal. Voltemos à análise da acrasia. Lá eu não mencionei nenhuma divisão da mente porque a análise foi até aquele ponto mais descritiva do que explanatória. Mas podemos fornecer as condições para uma explicação se supusermos dois departamentos semi-autônomos da mente, um que estabeleça um certo curso de ação como o melhor, considerando tudo o que deve ser considerado, e um outro que indique um curso de ação alternativo. Em cada um dos lados - o lado do juízo sóbrio e o lado do intento e da ação incontinente -, há uma estrutura dando suporte a razões, a crenças interligadas a expectativas, suposições, atitudes e desejos. Essa concepção ainda deixa muita coisa a ser explicada, pois queremos saber porque essa dupla estrutura se desenvolveu, como ela esclarece a ação adotada, e também, sem dúvida, suas conseqüências psíquicas e sua cura. O que enfatizo aqui é que a mente dividida deixa o campo aberto para tais explicações posteriores, ajudando a resolver a tensão conceitual entre o Princípio de Platão e o problema de explicar a irracionalidade.
A divisão que proponho não corresponde em natureza ou função à antiga metáfora de uma batalha entre a Virtude a Tentação, ou entre a Razão e a Paixão. Pois os desejos ou valores em conflito que a acrasia exige, a meu ver, não sugerem em si mesmos a irracionalidade. De fato, um juízo segundo o qual, considerando tudo o que deve ser considerado, devemos agir de uma certa maneira, pressupõe que fatores em conflito tenham sido trazidos ao interior da mesma divisão da mente. Essa divisão também não está relacionada ao problema da simples intervenção de uma emoção excêntrica e estrangeira, como no Princípio de Medéia. O que se requer são elementos organizados, dentro dos quais haja um grau justo de consistência, e onde um elemento possa operar em outro aos moldes de uma causalidade não-racional.
Permitir um grau de autonomia a províncias da mente dissipa, até um certo ponto, os problemas que estou discutindo, mas gera outros. Pois na medida em que o Princípio de Platão falha em explicar as operações da mente, meras relações causais o substituem, e elas substituem melhor, pois fazem mais progresso em direção à ciência, na medida em que elas podem ser subsumidas sob leis. Mas há uma questão acerca de até que ponto as operações da mente podem ser reduzidas a leis determinísticas estritas enquanto os fenômenos forem identificados em termos mentais. De um lado, o domínio do mental não pode formar um sistema fechado; muito do que nele ocorre é forçosamente causado por eventos com uma descrição mental. Por outro lado, uma vez que contemplamos relações causais entre eventos mentais desprezando-se parcialmente as relações lógicas entre as descrições desses eventos, introduzimo-nos em um domínio sem um conjunto unificado e coerente de princípios constitutivos: os conceitos empregados devem ser tratados como misturados, devendo obediência parcialmente às suas conexões lógicas com o mundo de forças não-mentais, e parcialmente ao seu caráter como mental e dirigidos ao conteúdo proposicional. Essas questões nos conduzem à importante pergunta sobre quais leis ou generalizações irão dar sustentação nessa área, e portanto à questão sobre quão científica pode ser uma ciência do mental; isto, entretanto, é um assunto que deixarei de lado.
Há um outro problema que surge dos departamentos reconhecidamente semi-independentes dentro da mesma mente. Atribuímos crenças, propósitos, motivos e desejos a pessoas na tentativa de organizar, explicar e produzir o comportamento delas, seja verbal ou não. Descrevemos suas intenções, ações e sentimentos à luz do esquema mais unificado e inteligível que possamos conceber. A fala não produz mais acesso direto dentro desse esquema do que qualquer outro comportamento, uma vez que a própria fala pode ser interpretada; de fato, a fala requer pelo menos dois níveis de interpretação, havendo tanto a questão sobre o que as palavras do falante significam quanto a questão sobre o que o falante quer dizer com elas. Não quero dizer com isso que um agente saiba diretamente em que ele acredita, ou o que ele quer e pretende, de um modo tal que reduza observadores a meros detetives. Pois embora ele possa freqüentemente saber o que está em sua mente, as palavras de um agente têm significado no domínio público; o que as suas palavras querem dizer vai depender do intérprete tanto quanto dele. Como ele deverá ser compreendido é um problema para ele assim como para os outros.
O que dificulta a interpretação é a multiplicidade de fatores mentais que produzem comportamento e fala. Considere o seguinte exemplo: se sabemos que, ao falar certas palavras, um homem quis afirmar que o preço do plutônio está subindo, então geralmente precisamos saber muito mais sobre as suas intenções, suas crenças e o significado de suas palavras. Se imaginamos estar começando do zero para construir uma teoria dos pensamentos, emoções e linguagem de um homem, não conseguiremos ser bem sucedidos. Há incógnitas demais para a quantidade de equações. Nós necessariamente lidamos com esse problema por meio de uma estratégia que é simples de afirmar, embora bastante complexa em sua aplicação: a estratégia é assumir que a pessoa a ser compreendida é bem parecida conosco. Essa é forçosamente a estratégia inicial da qual nos desviamos enquanto a evidência se acumula. Assumimos inicialmente que os outros possuem, nos assuntos básicos e mais amplos, crenças e valores similares a nós. Somos obrigados a supor que alguém que queremos compreender habita o nosso mundo de objetos físicos macroscópicos e mais ou menos permanentes, com disposições causais familiares: que o seu mundo, como o nosso, contém pessoas com mentes e motivos; e que ele compartilha conosco o desejo de encontrar calor, amor, segurança e sucesso, e o desejo de evitar dor e angústia. Na medida em que chegamos às questões de detalhe, ou a questões de um modo ou de outros menos centrais ao nosso pensamento, podemos cada vez mais facilmente tolerar diferenças entre nós mesmos e outros. Mas a menos que possamos interpretar outros como compartilhando uma grande quantidade daquilo que constitui o nosso senso comum, não seremos capazes de identificar quaisquer dessas crenças, desejos e intenções, quaisquer dessas atitudes proposicionais.
O motivo é o caráter holístico do mental. O significado de uma sentença, i.e., o conteúdo de uma crença ou desejo, não é um item que possa ser acrescido a elas independentemente de suas parceiras. Não podemos inteligivelmente atribuir o pensamento de que um pedaço de gelo está derretendo a alguém que não possui uma grande quantidade de crenças verdadeiras sobre a natureza do gelo, suas propriedades físicas em conexão com a água, o frio, a solidez, e assim por diante. Essa atribuição repousa na suposição de muitas outras - infinitas outras. E entre as crenças que supomos que um homem possua, muitas precisam ser verdadeiras (em nossa visão) para que possamos entender qualquer uma delas. A clareza e a consistência de nossas atribuições de atitude, motivo e crença são proporcionais, então, à extensão na qual consideramos outras crenças e motivos consistentes e corretas. Consideramos, com freqüência, justificadamente que outras pessoas são irracionais e estão erradas; mas tais juízos estão firmemente baseados quando há um acordo maior. Compreendemos alguém melhor quando o consideramos racional e prudente, e essa compreensão é aquilo que torna possível as nossas disputas com ele.
Não há nenhuma dúvida de que o preceito da inevitável caridade interpretativa se opõe à divisão da mente. Pois o motivo da divisão era permitir que crenças, desejos e sentimentos conflitantes existam na mesma mente, enquanto a metodologia básica de toda a interpretação nos diz que a inconsistência provoca a ininteligibilidade.
Isto é uma questão de grau. Não temos dificuldades em compreender pequenas perturbações contra um pano de fundo determinado ao qual somos bastante simpáticos, mas grandes desvios da realidade ou da consistência começam a minar as bases de nossa habilidade em descrever e explicar o que ocorre em termos mentais. O que determina um limite à quantidade de irracionalidade que podemos dotar de sentido psicológico é uma questão puramente conceitual ou teórica - o fato de que os estados e eventos mentais são constituídos de estados e eventos que estão, por sua localização, num espaço lógico. Por outro lado, o que constrange a quantidade e o tipo de consistência e correspondência com a realidade que descobrimos em nossos companheiros é a fragilidade da natureza humana: a falha da imaginação ou simpatia da parte do intérprete, e a teimosa imperfeição do interpretado. O paradoxo subjacente da irracionalidade, do qual nenhuma teoria pode escapar inteiramente, é este: se o explicamos bem demais, nós o transformamos numa forma dissimulada de racional; ao mesmo tempo; se lhe atribuímos incoerência imediatamente, nós simplesmente comprometemos a nossa habilidade em diagnosticar a irracionalidade, retirando o pano de fundo da racionalidade necessário para justificar qualquer diagnóstico no final das contas.
O que tentei mostrar, assim, é que os aspectos mais gerais da teoria psicanalítica que listei como tendo preocupado filósofos e outros são, se eu estou certo, aspectos que serão encontrados em qualquer teoria que se proponha a explicar a irracionalidade.
O primeiro aspecto era que a mente deve ser considerada como possuindo duas ou mais estruturas semi-autônomas. É esse aspecto que pensamos ser necessário para explicar causas mentais que não são razões para os estados mentais que elas causam. Somente dividindo-se a mente é que parece ser possível explicar como um pensamento ou impulso pode causar um outro, ao qual ele não apresenta nenhuma relação racional.
O segundo aspecto atribuiu um tipo particular de estrutura a uma ou mais subdivisões da mente: uma estrutura similar àquela necessária para explicar ações comuns. Isso requer uma constelação de crenças, propósitos e afetos do tipo que, através da explicação do Princípio de Platão, permite-nos caracterizar certos eventos como tendo um objetivo ou intenção. A analogia não precisa ser levada a ponto de exigir que falemos de partes da mente enquanto agentes independentes. O que é essencial é que certos pensamentos e sentimentos das pessoas sejam concebidos como interagindo de modo a produzir conseqüências nos princípios de ações intencionais, essas conseqüências então servindo como causas, e não razões, para outros eventos mentais. O colapso dessas relações racionais delineia a fronteira de uma subdivisão. Embora eu fale aqui, com Freud, de partes e agências, não parece haver nada que exija essa metáfora. As partes são definidas em termos da função: em última instância, em termos das concepções da razão e da causa. A idéia de uma divisão quase autônoma não é aquela que exige um pequeno agente na divisão; mais uma vez, os conceitos operativos são aqueles de causa e razão.
O terceiro aspecto que apontamos foi que certos eventos mentais assumem o caráter de meras causas em relação a alguns outros eventos mentais em uma mesma mente. Também consideramos esse aspecto como indispensável em qualquer abordagem da irracionalidade. Eu argumentei que ele pode ser superado, mas para tanto precisamos conferir um certo grau de autonomia a partes da mente.
Os três elementos da teoria psicanalítica que enfatizei - a saber, a divisão da mente, a existência de uma estrutura considerável em cada parte semi-autônoma, e as relações causais não-lógicas entre as partes -, são combinados de modo a fundamentar uma maneira coerente de descrever e explicar tipos importantes de irracionalidade. Eles também explicam, e justificam, a mistura freudiana das explicações racionais usuais com as interações causais mais semelhantes àquelas das ciências naturais, interações nas quais a razão não desempenha o seu papel racionalizante e normativo que lhe é peculiar.
Finalmente, preciso mencionar a afirmação de que muitos fenômenos mentais que normalmente são acessíveis à consciência às vezes não são conscientes nem acessíveis à consciência. A razão pela qual eu não fiz nenhum comentário sobre isso é que, a meu ver, as objeções relevantes aos estados e eventos mentais inconscientes são respondidas mostrando-se que a teoria é aceitável sem eles. É surpreendente, por exemplo, que nada na descrição da acrasia requer que qualquer pensamento ou motivo seja inconsciente - de fato, eu critiquei Aristóteles por introduzir algo como um conhecimento inconsciente quando isto não era necessário. O caso padrão de acrasia é aquele no qual o agente sabe o que e porque está fazendo, e sabe que esse não é o melhor curso de ação, e sabe porque isso é assim. Ele se dá conta de sua própria irracionalidade. Sendo assim, então a descrição não pode ser tornada impraticável supondo-se que às vezes alguns dos pensamentos ou desejos envolvidos são inconscientes.
Se a uma teoria já consistente acrescentamos a suposição de elementos inconscientes, ela só pode ser mais aceitável, i.e., capaz de explicar mais. Pois suponha que sejamos levados a perceber, por um gênio como Freud, que, se postulamos certos estados e eventos mentais, podemos explicar que uma grande quantidade de comportamento que do contrário ficaria sem explicação; mas também descobrimos que o comportamento verbal associado não se encaixa no padrão normal. O agente nega ter atitudes e sentimentos que lhe atribuiríamos. Podemos reconciliar observação e teoria estipulando a existência de eventos e estados inconscientes que, com exceção da consciência, são como crenças, desejos e emoções conscientes. Sem dúvida que há outras complicações emergindo aqui, mas elas parecem ser complicações resultantes de outros problemas. Eventos mentais inconscientes nada acrescentam a outros problemas mas são companheiros naturais deles.
Eu argumentei que um certo esquema de análise se aplica a importantes casos de irracionalidade. Possivelmente, alguma versão desse esquema será encontrado em todo caso de inconsistência ou irracionalidade interna. Mas será que o esquema fornece uma condição suficiente para a irracionalidade? Parece que não. Isso porque casos simples de associação não contam como irracionalidade. Se consigo lembrar um nome assobiando um certo tom, há uma causa mental de algo para o qual ela não é uma razão; e, similarmente, para um grande número de outros casos. Mas muito mais interessante e importante é uma forma de autocrítica e reforma que tendemos a considerar em alta conta, e isso tem sido mesmo considerado como a própria essência da racionalidade e a fonte da liberdade. Contudo, é claramente um caso de causalidade mental que transcende a razão (no sentido algo técnico no qual estive usando o conceito).
O que tenho em mente é um tipo especial de desejo ou valor de segunda ordem, e as ações que ele pode provocar. Isso acontece quando uma pessoa forma um juízo positivo ou negativo de alguns de seus próprios desejos. Ele age para mudar esses desejos. Do ponto de vista do desejo mudado, não há razão para a mudança - a razão provém de uma fonte independente, e está baseada em considerações posteriores e parcialmente contrárias. O agente tem razões para mudar os seus próprios hábitos e caráter, mas essas razões provêm de um domínio de valores necessariamente extrínsecos aos conteúdos das visões e valores que sofrem mudança. A causa da mudança, se ela ocorre, pode portanto não ser uma razão para aquilo que ela causa. Uma teoria que não pudesse explicar a irracionalidade seria aquela que também não poderia explicar nossos esforços salutares, e sucessos ocasionais, ao realizarmos a autocrítica e aprimoramento de nós mesmos.
tradução de Marco Antonio Franciotti

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A razão

A razão pode ser considerada como uma capacidade que o ser humano possui de organizar a realidade na qual ele vive, fazendo com que estas se transformem em uma coisa compreensível e capaz de ser organizado. A razão pode ser considerada também como aquela capacidade de organização e ordenamento das coisas de acordo com as suas próprias capacidades de serem organizados e ordenados, contudo, ainda sendo compreensíveis nelas mesmas e por elas mesmas, isto significa que as próprias coisas as quais organizamos já são racionais.

Através da coerência interna de um pensamento ou de uma teoria também nos ajuda a perceber os objetivos da razão. A razão tem por escopo estudar todos os conteúdos psicológicos, se indagando sobre determinadas situações ou coisas. A razão procura descrever o sentido da memória, da imaginação, da sensação, assim como da percepção. A razão procura investigar os maiores detalhes de nossas experiências pessoais encontrando as melhores e mais convenientes respostas possíveis para nossas indagações. A razão pode ser encontrada através da resposta de perguntas, pois estas respostas podem ser consideradas como a maneira que o ser humano encontrou para se adaptar a realidade. A fenomenologia, não admite que a razão mude com o passar do tempo e nem no tempo, podem se enriquecer e se ampliar com o passar do tempo, mas nunca se mudam.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011


ATIVIDADE 3.3


PROJETO FOLCLÓRICO
compomentes:Gilmara Sanches Ferreira da Fonsêca
Maria Iris de Araújo Marina


OBJETIVOS DO PROJETO:

Um dos objetivos deste projeto é estimular os alunos a refletirem criticamente sobre os elementos típicos do folclore brasileiro e a criarem novas hipóteses e conhecimentos, a através de jogos e pesquisas on-line

JUSTIFICATIVA:

Promover o desenvolvimento integral das crianças, dentro de um ambiente com propostas lúdicas e de cunho educativo, pois a cultura de um povo é um bem precioso que deve ser cultivado. E nosso objetivo é tirar a poeira da palavra Folclore e brincar com as possibilidades que ela oferece.

DESENVOLVIMENTO

Apresentação de vídeo folclóricos, levantando questões pertinentes ao assunto. Apresentação dos personagens do nosso folclore,
O que é folclore;
Como são os personagens do nosso folclore;
Quais as brincadeiras que conhecemos do nosso folclore.
Jogos de parlendas,advinhas e memória através do uso do computador

OBJETIVOS:

LINGUAGEM ORAL E ESCRITA:

• Pesquisar na internert, sobre o nosso folclore;
• Participar de variadas situações de comunicação oral, para interagir e expressar desejos, necessidades e sentimentos por meio da linguagem oral, contando suas vivências;
• Expressar-se;
• Pronúncia correta das palavras;
• Usar a linguagem oral para conversar, brincar, comunicar-se e expressar desejos, opiniões, necessidades, idéias, etc.
• Estimular aprendizagem através de jogos educativo no computador

-MATEMÁTICA:

• Identificar as cores primárias e algumas secundárias;
• Seqüenciar fatos;
• Estabelecer relações de: cheio/vazio, em cima/em baixo, maior que/menor que, de um lado para o outro, em pé/sentado, aberto/fechado, alto/baixo, curto/comprido, perto/longe, pequeno/grande, leve/pesado;
• Nomear cores e formas;
• Estabelecer aproximações a algumas noções matemáticas presentes no seu cotidiano, como contagem, relações espaciais, etc;


-NATUREZA E SOCIEDADE:

• Aproximar os acontecimentos da atualidade, do mundo que nos cerca, com a sala de aula;
• Participar de atividades que envolvam histórias, brincadeiras, jogos e canções que digam respeito às tradições culturais de sua comunidade e de outros grupos;
• Participar de atividades que envolvam histórias, brincadeiras, jogos e canções para despertar e esclarecer curiosidades sobre o nosso folclore brasileiro.

ATIVIDADES PREVISTAS:

• Conversas na rodinha;
• Levantar questionamentos;
• Solicitar pesquisa;
• Atividades, brincadeiras e jogos;
• Ouvir, cantar e dançar diferentes músicas e ritmos;
• Desenho livre;
• Histórias contada;
• Vídeo on-line
• Jogos on-line





terça-feira, 2 de agosto de 2011

A vida não é uma aula de filosofia

A vida não é uma aula de filosofia“, de Osho, traduzido por mim. Neste texto ele fala de como estamos sempre criando confusões por causa de nossa mania de estar sempre querendo ter respostas para tudo. E pior: por acharmos que precisamos ter respostas… um texto para muita reflexão… ou não!
+++
Resolver os seus problemas significa lhe dar uma resposta que intelectualmente o satisfaça; e para dissolver o seu problema é dar-lhe um método que o faça se tornar consciente de que não há problema algum: (observação minha: there is no spoon… “a colher não existe”… Matrix roubando a cena… ;-) ) os problemas são criações nossas e não há necessidade de resposta alguma.
A consciência iluminada não possui respostas.
A sua beleza é o não ter respostas.
Todos os seus questionamentos foram dissolvidos, desapareceram. As pessoas pensam o contrário: elas pensam que o homem iluminado precisa ter uma resposta para tudo. A realidade é que ele não tem resposta alguma. Ele não tem perguntas. Sem perguntas, como ele pode ter respostas?
Gertrude Stein, uma grande poeta, estava morrendo, rodeada pelos seus amigos, quando de repente ela abriu os olhos e perguntou: “Qual é a resposta?”
Alguém disse: “Mas nós não temos a pergunta, como poderemos ter a resposta?”
Ela abriu os seus olhos, uma última vez e disse: “Ok, então qual é a pergunta?” e então morreu. Uma estranha última declaração.
É belíssimo descobrir as últimas palavras de poetas, pintores, dançarinos e cantores. Eles possuem algo tremendamente significativo dentro deles.
Primeiro ela perguntou: “Qual é a resposta?”… como se a pergunta não pudesse ser diferente para seres humanos diferentes. A pergunta precisa ser a mesma; não há necessidade de articulá-la. E ela estava com pressa, então ao invés de seguir o caminho apropriado – fazer a pergunta e então ouvir a resposta – ela simplesmente perguntou, “Qual é a resposta?”
Mas as pessoas não compreendem que cada ser humano está na mesma posição: a mesma pergunta é a pergunta de todos. Então alguma pessoa estúpida perguntou, “Mas nós não temos a pergunta, como poderemos ter a resposta?”
Parece lógico, mas não é: é simplesmente estúpido -e para uma pessoa morrendo… Mas a pobre mulher abriu seus olhos mais uma vez. Ela disse, “Ok, qual é a pergunta?” E então fez-se silêncio.
Ninguém conhece a pergunta, ninguém conhece a resposta. Na verdade não há nenhuma pergunta e não há nenhuma resposta; há somente um modo de viver em confusão, na mente. E lá há milhões de perguntas e milhões de respostas, e cada resposta acarreta em centenas de perguntas a mais, e não há fim para isso.
Mas há um outro modo de vida: viver em consciência – e aí não há resposta e não há pergunta.
Se eu estivesse presente quando Gertrude Stein estava morrendo diria a ela, “Este não é o momento para se incomodar com perguntas e respostas. Lembre-se de que não há pergunta e que não há resposta: a existência é totalmente silenciosa à respeito de perguntas e respostas. Ela não é uma aula de filosofia. Morra sem nenhuma pergunta e sem nenhuma resposta; simplesmente morra silenciosa, consciente e pacificamente.”
Do livro: The Path of the Mystic.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

CULTURA  E EDUCAÇÃO

Cultura, Trabalho e Educação
A atividade animal é determinada por condições biológicas caracterizada, sobretudo, para reflexos e instintos. Trata-se de um tipo de inteligência concreta, distinguindo-se da inteligência humana, que é abstrata.
O homem representa o mundo por meio do pensamento, expressando-o pela linguagem simbólica. De fato, a linguagem substitui as coisas por símbolos, com palavras  por exemplo.
A transformação que o homem exerce sobre a natureza chama-se cultura, entretanto, o mundo cultural é um sistema de significados já estabelecidos por outros.
A noção de trabalho é fundamental para se compreender o que é cultura. Aliás, o trabalho é condição de liberdade, mas não em situações de exploração em que a maioria é obrigada a trabalhar em condições inadequadas à sua humanização. Isto é, na sociedade dividida em classes, o trabalho se torna alienado. Alienar, portanto, é tornar alheio, é transferir para outrem o que é seu.
Por meio do trabalho o homem instaura relações sociais, cria modelos de comportamento, instituições e saberes. O aperfeiçoamento dessas atividades no entanto, só é possível pela transmissão dos conhecimentos adquiridos através das gerações. É a educação que mantém viva a memória de um povo e dá condições para a sua sobrevivência.  
Cultura Erudita e Cultura Popular
Não vivemos em uma sociedade homogênea, toda produção cultural está sujeita a avalização que dependem da posição social do grupo a que ela pertence. Para exemplificar vamos estabelecer algumas distinções, considerando as seguintes divisões:
- A Cultura Erudita é a produção acadêmica centrada no sistema educacional, sobretudo na universidade, produzida por uma minoria de intelectuais.
- A Cultura Popular é identificada com folclore, conjunto das lendas, contos e concepções transmitidas oralmente pela tradição. É produzida pelo homem do campo, das cidade do interior ou pela população suburbana das grandes cidades.
- A Cultura de Massa é aquela resultante dos meios de comunicação de massa. Produzida “de cima para baixo”, impondo padrões e homogeneíza o gosto. 
É preciso entender essas manifestações culturais como sendo expressões diferentes de uma sociedade pluralista, sem considerações a respeito da superioridade de uma ou outra. 
Ideologia
A Ideologia é o conjunto de representações e idéias bem como de normas de conduta por meio das quais o homem é levado à pensar, sentir e agir de uma determinada maneira que convém à classe dominante.
Lidar com conceitos abstratos, eternos e imutáveis, independentes da situação histórica em que se inserem, é um dos artifícios ideológicos pelos quais os valores dominantes são impostos.
Os meios pelos quais a ideologia é a nós imposta variam, sendo utilizados meios tais como: A escola, os livros didáticos, os meios de comunicação de massa.
As estruturas petrificadas que justificam as formas de dominação são ameaçadas pela filosofia, devido a essa ciência exercer papel importante como crítica de ideologia.


FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO  

Filosofia e Filosofia da Educação
Há várias circunstâncias em que o homem pode entrar em contato com o mundo que o cerca. É que dentre eles podemos sitar algumas delas, tais como: A mística, a religiosa, a artística, a do senso comum, a científica e a filosófica.
O Mito - É a forma de compreensão intuitiva da realidade que permeia todo o pensar e o agir do homem primitivo, predominantemente marcado pelo sobrenatural.
Conhecimento Espontâneo - É a compreensão que o homem tem do mundo através da experiência vivida deste mundo, e a qual pode ser chamada de senso comum.
Conhecimento Científico - Foi Galileu quem revolucionou esse método.
Essa ciência é caracterizada pela delimitação de um objeto a ser estudado e a utilização de linguagem e métodos rigorosos que permitam a descoberta das regularidades existentes nos fatos.
Todos os povos têm uma educação transmitida muitas vezes de maneira espontânea. Diante disso, cabe ao filósofo acompanhar, reflexiva e criticamente a ação pedagógica de modo a promover a passagem dessa educação guiada pelo senso comum para uma educação sistematizada.
A filosofia da educação desempenha papel importante para denunciar as formas ideológicas, graças ao seu poder de questionamento do que seja educação, não permitindo que a pedagogia se torne dogmática, nem que a educação se transforme em adestramento.  
Educação e Pedagogia
A educação é um fator importante para a humanização e socialização do homem, entretanto, nas sociedades primitivas, a educação se acha difusa, fato que necessita que haja algumas mudanças na área. Por exemplo: entre educação, ensino e doutrinação, a educação é um  conceito  genérico, enquanto  que  o  ensino  se  refere à transmissão de conhecimentos acumulados. A doutrinação é uma pseudo-educação que não respeita a liberdade do educando.
É preciso fazer reparos quanto ao conceito de educar e ensinar, distinguindo esses dois pólos que se completam. Não há como formar alguém sem informá-lo. O que acontece com freqüência é que a informação pretensamente neutra mascara um conteúdo ideológico.  
Educação e Valores
O homem é um ser cultural, aliás, já ao nascer encontra-se envolto por valores herdados. O mundo cultural é um sistema de significados já estabelecido por outros, conforme atendemos ou transgredimos certos padrões, nossos comportamentos são avaliados como bons ou maus.
Fazemos juízos de valor quando descobrimos o conteúdo que mobiliza nossa atração ou nossa repulsa, ou seja diante dos seres que constituem o nosso mundo familiar estamos atribuindo valores de forma bipolar.
Nem sempre os valores transmitidos são claramente percebidos a educação será mais coerente se formos capazes de explicitá-los, ou seja, existe a necessidade de um trabalho reflexivo que esclareça as bases axiológicas da educação.
Educação e liberdade são inseparáveis. A educação autêntica só pode ser a educação para a liberdade. Podemos considerar inicialmente duas posições contraditórias, a da liberdade incondicional e a do determinismo absoluto.
A liberdade incondicional, o homem teria uma liberdade absoluta. Enquanto que para as teorias deterministas, o homem, à semelha das coisas, sofre constrangimento externo e interno que apenas tem a ilusão de escolher livremente.
O impasse provocado por essas duas posições contraditórias pode ser superado a partir de uma visão dialética da liberdade.
A partir desses conceitos, podemos ver as dificuldades que surgem diante de uma proposta coerente de educação para a liberdade, afinal, educar é dar condições para que o educando se encontre e faça seu caminho.


A INSTITUIÇÃO ESCOLAR  

A Educação Informal e a Educação Formal
O homem não possui um aparelho instintivo como o dos animais e portanto, precisa ser socializado pra sobreviver. Isto significa que necessita ser educado. Essa mesma educação que é recebida, na maioria das vezes é informal, assim chamada por não ser organizada.
Variam também as formas de transmissão dos comportamentos. Às vezes os modelos são impostos ou pela legislação.
Estamos sendo educados a cada passo. Destacaremos a ação da família e dos meios de comunicação de massa.
Conceito de Família - Considerando o mundo industrializado o qual vivemos, que exige o concurso do trabalho feminino. Podemos dizer que a família ensina informalmente o que as pessoas devem fazer, dizer ou pensar. Instituição essa que fornece em última instância, se rebelar contra os valores recebidos.
Isto significa que a família existe como suporte da aprendizagem das relações afetivas preparando o homem para as relações da sua maturidade. Se esse mesmo trabalho não for levado a bom termo na família, o homem não se torna verdadeiramente adulto.
Os Meios de Comunicação - Além de promover a socialização, a comunicação concorre para a formação da identidade. Assim, um mesmo conteúdo exposto em um livro ou transmitido pelo rádio terá efeitos diferentes.
São considerados mas media o rádio, o cinema, a televisão, os jornais e as revistas de grande circulação. E as suas influências reproduzem e reforçam as ideologias. Conclui-se que os meios eletrônicos de comunicação exercem uma subversão nos modos de sentir e pensar do homem contemporâneo.
Breve Histórico da Escola - Sabe-se que a família, a religião, o trabalho, o lazer, os meios de comunicação exercem uma função de educação, mas essa ação educacional é informal.
A Escola institucionalizada, semelhante à que hoje conhecemos, é uma criação burguesa do século XVI. Contudo, graças a Revolução Industrial, alguns aspectos das exigências da escola burguesa alteraram-se. As conseqüências dessas mudanças tornaram possível o ingresso das camadas não privilegiadas da sociedade na escola. 
As Sociedades Antes da Escola
Desde o aparecimento da educação formal, sempre existiu uma relação indissolúvel entre escola e sociedade.
Como veremos as condições do aparecimento da educação formal, as transformações ao longo do tempo e também as críticas que tem sido feitas às soluções encontradas, trataremos das comunidades tribais, onde ainda inexistem escolas.  
As Comunidades Tribais
No Brasil, o movimento da escola nova começou só no século XX, na década de 20.
A escola renovada o aluno é o centro e há uma preocupação muito grande com a natureza psicológica da criança. Há a educação tradicional é magistrocêntrica.  
A Escola Tecnicista 
A escola tradicional no século XX tem sofrido inúmeras críticas de enfoques diversificados. Entre essas, a partir da década de 60, surgem propostas de inspiração tecnicista, baseadas na convicção de que a escola só se tornaria mais eficaz caso adotasse o modelo empresarial. No modelo citado, há uma nítida preocupação com a transmissão do saber científico exigido pela moderna tecnologia.
No Brasil nunca houve de fato plena implantação de reformas de tendência tecnicista, devido ao fato dos professores estarem imbuídos ou da tendência tradicional ou das idéias escola-novistas.  
A Desescolarização da Sociedade
A escola nova pretendera revolucionar os métodos trazendo para a vida a escola tradicional. No entanto, seu ideal de democratização não foi atingido, aliás, ela continuou a reproduzir as formas de dominação social. Devido a esse fato o australiano Ivan Illich apresenta uma proposta radical, a descolarização da sociedade.
A principal crítica que pode ser feita a Illich se refere à dimensão individualista do seu projeto, que despreza uma análise mais profunda dos conflitos sociais. Na verdade, ele propões uma revolução moral, empenhada em conscientizar os indivíduos para a mudança e converter cada um no seu íntimo.
As Teorias Crítico-Reprodutivas
No Brasil, a situação quanto ao estudo é péssima, grande parte das crianças não freqüentam a escola, quanto aos que conseguem entrar, há um afunilamento muito grande.
Como a escola reproduz os privilégios já existentes na sociedade:
As Comunidades Tribais - Trata-se de sociedades que não têm Estado, classes, Escrita, Comércio e Escola . Essa sociedade é essencialmente mítica. 
Nas comunidades tribais, as crianças aprendem imitando os gestos dos adultos em suas atividades diárias.
A adaptação aos usos e valores da tribo geralmente é levada a efeito sem castigo.  
A Escola Tradicional Burguesa
Nos séculos XVI e XVII são fundados colégios pelas ordens religiosas dos séculos XVI e XVII. E para disciplinar a criança, submetendo-a aos rigores da hierarquia surge o hábito dos castigos corporais.
Com isso surge o modelo da escola tradicional, nestes colégios existem uma rígida formação moral.
Tornam-se famosos os internatos dos jesuítas, que se espalham por toda a Europa durante 200 anos (do século XVI ao XVIII). Essas escolas se destinam à nobreza e à burguesia ascendente.
Com a Revolução Industrial, passa-se a exigir que ao lado da formação humanística fossem também estudadas as ciências da natureza.


CRÍTICAS À INSTITUIÇÃO ESCOLAR  

A Escola Nova
A instituição escolar se tornou mais complexa a partir do Renascimento e Idade Moderna.
Foi a partir do século XVIII que a legislação que demonstra o interesse do Estado em assumir a educação, tornando-a leiga e gratuita.
A escola nova surge no final do século XIX para propor novos caminhos a uma educação em descompasso com o mundo onde se acha inserida favorecendo os já socialmente favorecidos. A herança escolar cabe aos herdeiros de sistemas privilegiados: o acesso à escola, o sucesso escolar, a possibilidade da escolaridade prolongada até a universidade estão reservados àqueles cujas famílias pertencem às classes dominantes.
Nos tempos atuais, encontramos o chamado modo de produção capitalista onde as forças antagônicas são representadas pelas classes sociais, sendo os interesses dessas classes divergentes, só se sustentam mediante a dominação de uma classe sobre outra. Afirma ainda que o Estado é composto por dois tipos de aparelhos: o repressivo de Estado e o ideológico de Estado.
Para Establet e Baudelot, se vivemos em uma sociedade dividida em classes, não é possível haver uma “escola única”. Existem na verdade duas escolas, não apenas duas escolas diferentes, mas opostas, heterogêneas. Desse modo, a escola reafirma a divisão entre trabalho intelectual e  trabalho manual.
Da mesma forma, Snyders considera que a separação escola-mundo descrita por Baudelot e Establet parece muito defasada no tempo. Embora tenham enfatizado a luta de classes, acabam descartando a possibilidade de que a escola seja um dos campos dessa luta, o que redunda em pessimismo e impotência.  
As Teorias Progressistas
Na década de 70, esmorece o otimismo da escola nova, cujas promessas não atingem as camadas populares, surgem assim, as teorias progressistas como a busca de outros caminhos a partir de uma nova concepção de educação.
A educação progressista pretende formar o homem para o trabalho.
Se o trabalho fosse integrado à escola, também seria possível superar a dicotomia entre cultura erudita e cultura popular.
A teoria progressiva parte do pressuposto que não existe educação neutra. Não estarmos atentos a esse fato pode nos levar a sucumbir à ideologia.


EDUCAÇÃO PARA SUBMISSÃO  

A Educação Popular
Grandes são as dificuldades em se definir com clareza o que se entende por educação popular. A própria palavra povo é bastante ambígua. Assim de forma mais genérica possível, consideraremos como povo o conjunto dos indivíduos de uma sociedade.
Quando falamos em povo, fazemos naturalmente a separação do povo e elite. Por exemplo: ao usarmos termos tais como: “Zé povinho e Povão”.
A separação existe na divisão desigual dos bens culturais. Portanto, observa-se que persiste a escola dualista. Então falar em educação popular é se referir ao tipo de educação que é dado ao povo, mas que não foi por ele escolhido.
A educação popular deve ser entendida como aquela que é oferecida de maneira universal.
Desde a antigüidade, quase que não existia oportunidade para a camada menos favorecida freqüentar a escola. Entretanto, no século XIX, esse quadro foi mudado, havendo uma ascensão social, sobretudo para as classes médias.
Com o tempo diminui o número de empregos oferecidos em relação ao número de formado. Além disso, os filhos dos trabalhadores que porventura conseguissem encaminhar-se para a burocracia das empresas, ao encontrarem pouca oferta de emprego tinham o salário pressionado para baixo.
O descaso pela educação popular decorre de uma economia dependente e exclusivamente agrária que não exige mão-de-obra qualificada.
Com a vinda da família real para o Brasil, é dada ênfase à criação de escolas de nível superior, deixando ao abandono os demais níveis.
Só será possível a construção de uma autêntica escola popular se for abandonado a crença dos educadores liberais de que o Estado deve se incumbir da educação popular.  
A Educação da Mulher
Já se sabe que a história da educação se faz a partir da ótica das classes dominantes, agora acrescentamos que ela também é androcêntrica, isto é, centrada na figura masculina. Os direitos, deveres, aspirações das mulheres se acham há milênios subordinados aos interesses do patriarcado.
Apenas enquanto persiste a comunidade primitiva é que a mulher exerce tarefas complementares. Mesmo assim, já existindo nessa época divisão sexual das tarefas, essas porém não eram de subordinação.
Mesmo antes de nascer, a criança já se acha submetida às expectativas dos adultos: se for homem, os pais imaginam o seu futuro como profissional bem sucedido; se for mulher fixa ao seu destino de mãe e esposa, sendo sua carreira sempre algo secundário.
Foi no século XIX que intensificaram-se os movimentos feministas que lutavam para que a mulher fosse considerada ser autônomo com direitos e iguais oportunidades de estudo, profissionalização e participação política.
O processo de inferiorização da mulher é antigo e tem assumido novas faces a partir das mudanças históricas que vivenciamos, de fato vivemos em uma sociedade que separa “superiores” e “inferiores.


REPENSANDO A EDUCAÇÃO  

Possibilidade e Limites da Educação
A ação humana é uma práxis, ou seja, supõe a relação dialética entre teoria e prática.
No século XX, a expansão do ensino tornou muito clara à oposição entre duas escolas, aquela destinada à elite e a outra ao proletariado. Essa situação só poderá se conter se for evitado que as decisões sejam tomadas “de cima para baixo”, sem a prévia discussão com os envolvidos no processo.
As reformas educacionais realizadas no Brasil são carregadas de vícios que impossibilitam a execução dos projetos; desse modo, somos influenciados por modelos estrangeiros inadequados para a resolução de nosso problema.
O principal fator que fez com que a escola continuasse dualista decorre do fato de a legislação sempre se espelhar aos interesses das classes representadas no poder.
Além disso, esses estado de coisas penaliza mais uma vez os alunos vindos das classes desfavorecidas, uma vez que os jovens bem preparados pela escola particular ocupam as vagas das melhores universidades, quase sempre, as públicas. Originam-se então inúmeras faculdades, oferecendo cursos de baixo nível. Para elas se encaminham os que foram barrados nas principais universidades, consequentemente inflacionando o mercado com diplomas sem categoria.
Segundo os teóricos crítico-reprodutistas, é preciso compreender a educação dentro de um contexto maior, afim de desenvolver nos alunos a capacidade de questionamento e desencadear a desmistificação da cultura onde a mistificação existe.
De fato,  os alunos que cursaram uma escola melhor, no caso as particulares, possam obter um sucesso maior nas universidades públicas. Entretanto, não é porque estes passam nas públicas que as particulares se destinam àqueles que não tiveram oportunidade de se educar numa escola particular. Como pode-se notar, a PUC é particular e é uma das melhores faculdades desde país, e seu critério de avaliação é rigoroso e se afunila numa busca constante de alunos cada vez mais qualificados para a instituição. Daí, não importar muito se o aluno estudou numa escola pública ou particular, pois o que se avalia é o seu conhecimento.
Deve ser lembrado então que, a escola pode ser excelente mas o aluno é ruim, não será este aluno que chegará à uma universidade pública, aliás, creio que nem na particular teria chance. Enquanto que se tivermos uma escola ruim e um aluno bom, seja ele de qualquer classe social, este poderá estar apto à ingressar em uma universidade pública, bastando para isso, que se dedique aos estudos através de livros específicos que muitas das vezes é excepcionalmente mais didático que muitos professores. Professores estes que podem estar tanto em escolas públicas como nas particulares.

Autoria: Rafaela de Souza Mattos